segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

A Pantomima e uma aula de “dança na natureza”


Em frente a um dicionário online, construindo um caminho que se inicia na busca por entender o que é a tal da Pantomima, tem-se que a palavra em si equivale à Mímica, que, seguindo os “cliques”, por sua vez aparece como sendo o feminino e/ou o que faz um Mímico, esta ultima que enfim nos leva a palavra Mimo.
De surgimento controverso e como o próprio dicionário diz, a pantomima é a arte de comunicar com movimentos; representar emoções, ideias, paixões, por meio de gestos.  Ou seja, expressar a natureza humana sem a utilização de palavras ou quaisquer recursos que não o próprio corpo.
A Pantomima tem papel importante na história da Dança: Jean-Georges Noverre acreditava que somente “o passo” não era suficiente para exprimir sentimentos; inquietação esta que foi fator determinante para a Dança se tornar autossuficiente e independente das outras artes. Pois de modo inédito, associou as duas, pondo em foco as possibilidades expressivas do corpo.

“Com um curto alcance de significação, o vocabulário dos passos codificados carecia ser unido ao repertório da pantomima. Desde o início, portanto, po-se como questão o que cabe ao corpo fazer para configurar uma obra de dança: ser capaz de expressar emoção. Esta hipótese carrega, na sua formulação, embora não de forma explícita, a compreensão de que os traços iniciais do percurso em direção à autonomia passam pela expressividade: 1) para ser autônoma, a dança deveria ser uma arte expressiva; e 2) o tipo de movimento feito pelos corpos que dançavam não se mostravam adequados para ‘imitar as paixões da alma’ e, por isso, necessitavam da pantomima.” (KATZ, p. 164)

Temos então que pantomima é imitação e “Na história da Dança, o movimento imitativo é de enorme importância, pois a primeira dança organizada do homem originou-se na magia imitativa e teve por modelo a própria natureza.” (OSSONA, p.36 )
Sendo assim, tendo como público alvo crianças do primeiro ano do fundamental, as acadêmicas Jaínne Ladeira e Jéssica Carvalho elaboraram plano de aula com tema A Dança na Natureza. O plano foi primeiramente utilizado por elas próprias com alunos da Escola Alcides e recentemente, após pequenas adaptações, foi reutilizado com os pequenos da Escola Campos Barreto, pela acadêmica Alice Iturriet.
A aula na Escola Campos Barreto iniciou com vídeos de passarinhos dançando, seguida de mímica de animais (passarinho, gato, tartaruga, elefante, cachorro, etc). A partir daí iniciando a narrativa: Uma cobra que enrolada dormindo sonha que é um cachorro, que come um sapo, que come uma pedra, se transforma na própria pedra, que se transforma no animal que mais gostou. Finalizando com uma festa na floresta.
A cada animal as crianças foram estimuladas a explorar suas movimentações típicas, o que acaba por trabalhar Fatores de Movimento, exploração do espaço e conexões corporais, como cabeça-calda por exemplo.
Próximo ao fim da aula, percebendo a inquietação de três meninas que perguntavam se não iríamos ter aula de dança, foi utilizado de estopim um vídeo de animação infantil A dança do Pocoyo (vide referências), no qual o personagem principal se frustra tentando imitar seus amigos dançando, concluindo que não sabe dançar, mas descobrindo no final que todos podem dançar, pois cada um tem a sua dança e seu modo de dançar.
Para finalizar a professora titular fez um fechamento no qual além de perguntar aos alunos se haviam gostado, incitava cada um a pensar como havia sido sua participação na aula.

Por Alice Braz Iturriet


Referências e obras/ textos relacionados:

A Dança do Pocoyo: https://www.youtube.com/watch?v=aaOKTujfcuk

Mas o que é essa tal de pantomima? http://tagcultural.com.br/mas-o-que-e-essa-tal-de-pantomima/

http://www.infoescola.com/teatro/pantomima/

KATZ, Helena. Por uma dramaturgia que não seja uma liturgia da dança. Dispnível em http://dx.doi.org/10.11606/issn.2238-3867.v10i0p163-167

MONTEIRO, Mariana. Noverre: Cartas sobre a Dança. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, FAPESP, 2006.

OSSONA, Paulina [tradução Norberto Abreu e Silva Neto]. A educação pela dança. São Paulo: Summus, 1988.


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